É Possível viver sem Pecar?

É Possível viver sem Pecar? By Joe Crews

INTRODUÇÃO

Li recentemente uma história impressionante de um homem que se submeteu a uma experiência científica sobre a hipnose. Enquanto estava sob a influência de um transe hipnótico estimulado por um feixe de luz, ele recebeu a ordem de pegar um copo que estava em cima da mesa. Embora fosse forte, com um porte atlético, o homem não conseguiu mover o copo da sua posição. Seus esforços mais vigorosos não foram suficientes para levantar um copo que era tão leve que qualquer criança conseguiria levantar.

Por que ele não conseguiu erguer o copo? Porque os cientistas, depois de colocálo em transe, tinham lhe dito que seria impossível levantar o copo. Por sua mente estar convencida de que ele não conseguiria levar o copo, seu corpo não conseguia enviar a ordem de comando para levantá-lo. Que demonstração incrível de que ninguém consegue obedecer a ordens que não crê que sejam possíveis de serem obedecidas.

Seria essa a razão por que muitos cristãos permanecem tão fracos na fé e vivem como derrotados? Não há dúvida de que a nova teologia popular, moderna, tem ensinado a milhões de pessoas de que ninguém consegue viver sem pecar. Os Dez Mandamentos têm sido apresentados como um sistema de regras ideais que foi produzido apenas com o propósito de tornar as pessoas cientes de suas necessidades.

Muitos cristãos modernos estão migrando para uma postura mais branda, mais suave quanto à guarda da lei. A crença no amor de Deus é incompatível com regras estritas e penalidades por sua violação.

Essa é uma doutrina bastante confortável, mas completamente alheia ao ensinamento bíblico. Milhões estão sendo condicionados a quebrar a grande lei moral do Universo – sem qualquer sentimento de culpa! A Palavra de Deus não apresenta nenhuma desculpa para nos sentirmos à vontade diante do pecado. Ele é o problema central de cada ser humano. Como uma doença altamente contagiosa, o pecado infectou todas as pessoas com o vírus da morte e nenhuma cura ou tratamento deste mundo foram encontrados para impedir

o progresso fatal dessa terrível doença. Desde que surgiu o pecado no Jardim do Éden, o pecado tem destruído tudo o que é bom. Nem por um momento pode coexistir com a justiça e a santidade. Os critérios de Deus tornam impossível para o pecado e a desobediência fazerem parte do estilo de vida cristão. A nova tolerância ao pecado não é bíblica em qualquer sentido da palavra. Jesus veio salvar o povo de seus pecados; veio para destruir completamente

o pecado. Jamais o pecado poderá ser admitido no Céu. Nossa atitude em relação ao mal deve ser determinada, firme e inflexível. De nenhum modo pode tornar-se mais aceitável pela diminuição da quantidade ou pela mudança de sua forma. O pecado deve ser destruído. A única forma de erradicá-lo é recebendo na vida a plenitude de Cristo e de Sua maravilhosa graça.

É muito estranho observar que muitos membros da igreja se tornaram tolerantes ao pecado, encontrando desculpas para ele, como se não fosse possível impedir seu triunfo sobre a vida do cristão. Como podemos deturpar o poder da graça de Deus revelado no evangelho? Jesus já derrotou o inimigo e nenhum cristão deve intimidarse por um adversário derrotado. Não há qualquer justificativa para a transgressão dos Dez Mandamentos.

É uma questão muito séria estar envolvido conscientemente num ato pecaminoso, mas é ainda muito mais terrível defender como algo que não pode ser evitado. Dizer que a vitória é impossível é negar a suficiência do evangelho e negar uma grande parte das Escrituras. Além disso, essa questão também apoia a acusação de Satanás contra Deus, dando uma falsa segurança a todos que nela creem.

Muitas vezes as pessoas agem de forma defensiva em relação ao pecado porque não tiveram condições de evitá-lo por suas próprias forças. Por exemplo, quando não conseguem parar de fumar, precisam encontrar um motivo racional para justificar a presença desse hábito em sua vida. Ao invés de se humilharem confessando que não podem vencê-lo, fabricam argumentos como "não me faz mal" ou "ninguém é perfeito". Ou fazem uso da doutrina popular e conveniente de que ninguém pode viver sem pecar.

É possível dizer que a maioria dos cristãos atualmente está conformada em não

obedecer a lei moral. Na realidade, estão satisfeitos em dizer que Deus não espera que cumpram a lei em sua plenitude, tanto na carne quanto no espírito.

O resultado dessa doutrina é exatamente o esperado – multidões de membros emocionalmente felizes, mas desobedientes e que sentem que qualquer assunto que envolva a guarda dos mandamentos é legalista e não é fundamental.

Que estratégia de ilusão satânica! Como inventor da doutrina, o inimigo está simplesmente embasando sua antiga acusação de que Deus era por demais exigente. Acusou Deus de ser injusto e exigir algo que era impossível.

Ele conseguiu convencer a terça parte dos anjos de que Deus não podia esperar que todos obedecessem à Sua lei e assim tem procurado fazer com que todos creiam nessa falsidade desde então. Pense nisso por um instante e todo o esquema começará a fazer sentido. Satanás sabe que o pecado é a única coisa que manterá qualquer um fora do Céu. Como o pecado é a "transgressão da lei", teria que aperfeiçoar um plano para fazer com que as pessoas não se importassem tanto com a quebra da lei e da mesma forma parecessem irrepreensíveis. 1 João 3:4. Para tornar a ideia aceitável aos cristãos, Satanás disfarçou esse engano em forma de doutrina e o lançou sobre a comunidade cristã.

Durante as séries evangelísticas, é comum nos depararmos com esse engano de uma forma ou de outra, geralmente quando chega ao estágio da lei e do sábado. Os inconvenientes chamados à obediência são recebidos com um "ninguém consegue guardar os Dez Mandamentos".

O problema, contudo, não acaba aí. Até os cristãos que aceitaram as exigências da lei moral não se atentam à profundidade do cumprimento dessa lei. De forma sutil têm sido afetados pela crença predominante de que muita preocupação com a obediência é uma forma de salvação pelas obras. O mais incrível é que alguns, com tanto medo de guardarem a lei de forma estrita demais, chegam a procurar uma forma de quebrá-la algumas vezes. Dessa maneira, obstinadamente tentam confortarse por não serem legalistas.

Como um povo tão comprometido com a guarda dos mandamentos poderia entrar numa contradição tão confusa consigo mesmos? A exposição ao falso conceito de justificação pela fé é apenas parte da resposta. A maior parte do problema é baseada na imperfeição humana e na fraqueza da carne. Por tropeçarem em seus esforços para serem perfeitos, finalmente concluem que é impossível não pecar. A partir desse ponto é fácil começar a interpretar textos bíblicos que apoiem uma débil experiência. Satanás explorou a inclinação natural da mente humana para a racionalização e logo desenvolveram a confortável doutrina que acomoda seus desvios ocasionais da lei. Consequentemente, a maioria dos cristãos de hoje conformam-se com uma experiência que alterna entre vitória e fracasso. Para eles, esse é o estilo de vida aprovado para o cristianismo normal.

Mas há algo perigosamente errado com essa posição. Primeiro, a doutrina jamais deveria basear-se no sentimento ou na experiência humana. Deve estar arraigada ao ensino inequívoco da Palavra de Deus. É verdade que os textos bíblicos podem ser apresentados de forma a apoiarem a doutrina da imperfeição espiritual. Asseguramos que todos pecaram, que a mente carnal é inimiga de Deus e que a justiça humana são trapos de imundícia. Mas todos os textos relacionados ao fracasso, pecado e derrota fazem referência à experiência não regenerada de uma pessoa.

Há inúmeros outros textos que descrevem a experiência oposta da vitória total e de uma vida sem pecado. Em todos os casos referem-se à vida cheia do Espírito Santo de um filho convertido e que se entregou totalmente a Deus.

Essa distinção sempre deve ser feita durante a leitura da Bíblia. O evangelho de Jesus Cristo é o poder de Deus para a salvação. Sua graça é mais forte do que todas as forças do mal concentradas. Jesus veio para salvar Seu povo do pecado. Ninguém que leia o sexto capítulo de Romanos coerentemente pode acreditar que o cristão esteja livre para praticar o pecado. Paulo destrói a doutrina de que um crente deve viver uma vida que aceite cair em pecado.

É verdade que foi feita toda a provisão para a purificação caso seja cometido um pecado, mas o perfeito plano de Deus deu ao homem condições para vencer cada pecado e viver em perfeita obediência através de Cristo. Na realidade, as promessas bíblicas são tão claras e específicas a esse respeito que é difícil de confundir. Nenhum significado secreto ou algo escondido pode ser achado na miríade de textos que descreve a experiência vitoriosa do filho de Deus que nasceu novamente. Apenas por alguém não chegar à estatura da plenitude da fé que traz a constante vitória, não deve negar o poder de Deus para dar essa libertação. Quando Pedro começou a afundar no Mar da Galileia, não foi por que o plano ou o poder de Deus falharam. Pedro poderia ter racionalizado, como muitos cristãos modernos, e dito: "Deus não quer que eu ande sobre as águas e, além do mais, é impossível que alguém consiga fazer isso." Como nossos primeiros pais, ainda colocamos a culpa em Deus quando falhamos em seguir Seus planos para uma vida santa.

PROMETIDA A VITÓRIA TOTAL

O Espírito de Deus parece antecipar a luta que muitos iriam enfrentar ao aceitar as promessas bíblicas de vitória total. Consequentemente, os escritores inspirados foram movidos a utilizar uma linguagem quase exagerada ao descrever as possibilidades de obtenção da vitória sobre o pecado.

Expressões superlativas são utilizadas de tal forma que deixam mentes perplexas. Ao invés de dizer apenas que podemos ser salvos, a Bíblia diz que podemos ser salvos "totalmente" ou "perfeitamente" (Hebreus :2 ). Ao contrário de dizer que podemos vencer, ela afirma que "somos mais que vencedores" (Romanos :3 ). Não diz apenas que podemos triunfar, mas diz-nos que podemos "sempre triunfar" (2 Coríntios 2:14). Ao invés de prometer o que quer que peçamos para nos ajudar em nossas lutas espirituais, a Bíblia diz que Ele fará por nós "tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos" (Efésios 3:20). O verso imediatamente anterior a esse garante claramente que podemos ser "cheios de toda a plenitude de Deus" (verso 1 ).

Admite-se que muitas dessas promessas estão além do que nossa mente humana pode compreender, mas certamente procuram impressionar-nos com a magnitude dos recursos de Deus colocados à nossa disposição. Se a linguagem nos parece exagerada é tão somente por sermos débeis na fé e fracos na carne para crermos que tamanha pureza e santificação possam ocorrer em nós. Nossa tendência é confiar mais nos sentimentos do que na Palavra de Deus.

É importante crer nas promessas exatamente como as lemos? Sim, porque não é somente através dessas promessas que a libertação é alcançada. "Pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo" (2 Pedro 1:4).

Note que é "por elas" que escapamos da corrupção do pecado. O que são "elas"? As promessas de Deus. A sequência da vitória é plenamente delineada nesse fantástico texto. Pela fé na promessa podemos ser participantes da natureza divina e através do poder dessa nova natureza em nós podemos escapar da corrupção do pecado. Em outras palavras, tudo depende da submissão e da entrega da pessoa à influência do Espírito de Cristo. "Sem Mim", disse Jesus, "nada podeis fazer" (João 1 : ).

Tão importante quanto o texto anterior é o comentário inspirado de Paulo: "Posso todas as coisas nAquele que me fortalece" (Filipenses 4:13). Essa expressão "todas as coisas" é a chave para a vitória de cada um. Inclui o poder para vencer as drogas, a imoralidade, o apetite, o orgulho e qualquer ato pecaminoso que possa roubar-nos a vida eterna.

TUDO DISPONÍVEL A NÓS

A grande questão é que, quando você recebe o poder de Deus em sua vida, tem todas as coisas que gostaria. "Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós O entregou, porventura, não nos dará graciosamente com Ele todas as coisas?" (Romanos :32). Encontramos aqui novamente o termo "todas as coisas". Em 2 Pedro 1:3 também é repetida a mesma ideia: "Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento dAquele que nos chamou por sua glória e virtude".

Quando esses textos são reunidos, surge uma imagem incrível. Ao clamar a presença de Cristo em sua vida, igualmente receberá tudo o que Cristo possui. Paulo descreve assim: "Mas vós sois dEle, em Cristo Jesus, o qual Se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção" (1 Coríntios 1:30). Nesse texto, "todas as coisas" é quebrado em experiências particulares e individualizadas e passamos a notar que Pedro estava certo ao afirmar que Deus nos concedeu todas as coisas ligadas à piedade. Os cristãos que duvidam da possibilidade de vencer completamente o pecado deveriam ler esses versos atentamente. O que está envolvido nas palavras "justiça, e santificação, e redenção"? Essas três palavras nos prometem mais do que libertação da culpa e dos pecados passados. A palavra "redenção" não está limitada à redenção da culpa do pecado, mas também do poder do pecado. "Santificação" é uma palavra que descreve crescimento diário e contínuo para vencer o pecado. "Justiça" literalmente significa fazer o que é certo e aplica-se ao cumprimento dinâmico da vontade de Deus. São palavras importantes, que carregam a conotação de ser feito livre, tanto da culpa quanto da prática do pecado.

Cada filho de Adão necessita de duas coisas – perdão pelo passado e poder para o futuro. A redenção inclui os dois aspectos. A ideia da libertação total da culpa do pecado, mas apenas libertação parcial do poder do pecado, é uma perversão do evangelho. Jesus não veio para nos salvar das consequências do pecado apenas, mas para nos salvar do pecado. A salvação não é algo negativo, não é a falta de algo. Ele não veio para tirar algo de nós – nossa culpa, mas para nos dar algo em troca – a vitória sobre o pecado. Para Deus nos perdoar e nos deixar continuamente sob o poder do pecado seria fazer com que Deus fosse complacente com o mal. Ele não apenas nos considera justos por imputar Seu sacrifício expiatório, mas nos torna justos ao nos comunicar Sua vida vitoriosa.

Depois de ler atentamente o capítulo seis de Romanos, se ainda precisar de mais confirmações de que a vitória pode ser nossa, leia as passagens a seguir:

1 Coríntios 1 : -"Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo."

1 João :4 -"Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé."

Filipenses 2: -"Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus."

2 Coríntios :21 -"Aquele que não conheceu pecado, Ele O fez pecado por nós; para que, nEle, fôssemos feitos justiça de Deus."

1 João 3: -"Qualquer que permanece nEle não peca; qualquer que peca não O viu nem O conheceu."

Voltemos à analogia do homem hipnotizado. Ele não conseguia levantar um copo da mesa porque sua mente estava plenamente convencida de que não era possível. Teria Satanás conseguido imobilizar a igreja através do poder de sua mentira hipnotizante de que a obediência é impossível? Às vezes, é o que parece.

Ninguém jamais conseguirá fazer algo que pensa ser impossível de alcançar. Obviamente, aqueles que creem que não podem viver sem pecar não estão tentando viver sem pecar. Ninguém em sã consciência irá gastar tempo e esforços em vão para alcançar nada.

Somos levados a uma pergunta interessante: Poderia alguém acreditar que não há como viver sem pecar, mas fazer o propósito de não pecar mais? Logicamente, seria muito improvável, para não dizer impossível. Ao contrário, a Bíblia nos ordena que em "nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências" (Romanos 13:14). Será que realmente não nos dispomos a pecar quando achamos que é impossível não pecar?

AO QUE VENCER

Todo o livro de Apocalipse é dirigido às sete igrejas da Ásia. Em cada uma das cartas às igrejas, algumas receberam grandes elogios e gloriosas promessas de recompensa celestial. Sem exceção, a bênção era estendida "ao que vencer". As sete igrejas simbolizam todos os períodos da igreja cristã, desde os apóstolos até o tempo do fim.

Negar a possibilidade de vitória total sobre o pecado é roubar de Deus a glória de Sua missão. Ele veio, diz a Bíblia, para destruir as obras do diabo. Essas obras são as obras do pecado. Se ninguém pedir poder a Deus para vencer completamente o pecado, a acusação de Satanás será confirmada. Os mandamentos de Deus serão expostos como difíceis demais para obedecer.

Jesus afirmou que Ele veio para "buscar e salvar o que se havia perdido" (Lucas 1 :10). Nesse texto Ele mostrou que algo mais do que simplesmente a pessoa precisa ser restaurado. "O que se havia perdido" inclui também o caráter sem pecado. Sua missão era contra-atacar e neutralizar todo o processo de degradação introduzido por Satanás. Restaurar a imagem de Deus no homem é uma parte muito importante do evangelho eterno. A obra do evangelho deve ser feita antes de Jesus voltar e não como num passe de mágica no momento de Sua volta.

O livro do Apocalipse identifica a característica que coroa os redimidos como sendo a obediência: "Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus" (Apocalipse 14:12). "Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus" (Apocalipse 12:1 ). "Bemaventurados aqueles que guardam os Seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas" (Apocalipse 22:14).

Como é importante saber que a condição para permanecer no Éden é também a condição para ser restaurado ao Éden. Qualquer um que crê que a obediência não é importante deve ler novamente a dramática história de Adão e Eva. Um mínimo ato pecaminoso, físico, levou à toda tragédia do mundo nos últimos seis mil anos. Os que forem restaurados ao paraíso perdido terão demonstrado que são dignos da vida eterna. Pela fiel obediência em face da morte, provarão que as acusações de Satanás são falsas. Sua lealdade imutável será uma garantia eterna do domínio de Deus restaurado.

O que dizer, então, daqueles que olham tão superficialmente para as boas obras de obediência? Eles estão sujeitos ao grande engano e estão caindo na armadilha mortal de Satanás. A mais gloriosa experiência dos que são verdadeiramente convertidos é quebrar o padrão da autoindulgência e do pecado. Sob a guia do Espírito de Deus, hábitos carnais podem ser vencidos e expulsos da vida. Pela fé nas promessas de Deus, um poder inacreditável estará disponível na vida daquele que se dispõe a abrir mão do prazer pelo pecado.

O coração de Deus espera ansioso para que clamemos por Suas promessas e tomemos posse do poder que Ele prometeu. É o único meio de se alcançar a verdadeira vitória. Ninguém, porém, poderá alcançar a vitória se não acreditar que a vitória seja possível. Leia novamente as promessas da Bíblia. Não tente distorcê-las ou amoldálas a suas fraquezas e imperfeições da experiência humana. A libertação está ao nosso alcance, basta crer e pedir. Aqui mesmo precisamos parar e considerar uma objeção que é sempre trazida contra aqueles que creem na vitória total.

É mais ou menos assim: "Se você crê que é possível viver sem pecar, pode garantir que sua própria vida está livre do pecado?"

Embora a pergunta mereça uma resposta, deve-se salientar que a objeção não é relevante para a questão. Se a Bíblia estabelece a verdade, deve ser recebida no âmbito de sua autoridade inspirada e não com base na experiência do mensageiro. Se é dito pela Bíblia que a vitória sobre o pecado é possível em Cristo, é verdade, não importa se o pregador diga o contrário. Além disso, a obra da santificação é progressiva, uma experiência que dura toda a vida e jamais pode ser considerada como concluída num determinado tempo. Ainda que não se tenha qualquer consciência de pecado, jamais podemos dizer que estamos sem pecado. Na realidade, a pessoa mais próxima à perfeição seria a menos provável de reconhecer essa condição. Porque quanto mais próximo estamos de Cristo, mais imperfeitos parecemos aos nossos olhos.

Pode-se dizer também que a doutrina da vitória sobre o pecado é muito idealista e teologicamente complicada para ser prática. Porém, essa afirmação não poderia estar mais afastada da verdade. Mesmo uma criança poderia compreender o simples processo da fé de se apropriar das promessas bíblicas. Não há nenhum hábito ou pecado conhecido pelo homem que não possa ser vencido pela fé.

A seguir, poderemos apreciar a beleza desse plano divino para a vitória. Você aprenderá a parar de fumar, de falar mal dos outros, de usar palavras rudes ou cometer qualquer outro pecado. Que ninguém o distraia durante os próximos parágrafos. Eles podem ser o ponto de conversão da sua vida ou ter mais importância do que todo o dinheiro do mundo. Enquanto tantas pessoas estão lutando contra o cigarro, vou utilizá-lo como ilustração para a vitória que estamos descrevendo. Coloque no texto seu próprio problema e então dê os quatro passos para a gloriosa vitória.

O SEGREDO DA VITÓRIA

Você já ouviu falar sobre uma forma revolucionária de vencer o fumo ou outro pecado qualquer? É algumas vezes chamada de "método cônico", mas geralmente não funciona. Funciona parcialmente, é claro, porque com o passar dos anos, algumas tentações e pecados acabam perdendo o sentido e o tempo sela o restante quando chega a morte. Mas você sabe por que "tentar" não funciona quando se trata de vencer o diabo?

Por que não podemos lutar contra ele durante alguns meses e finalmente man-dá-lo embora? Porque o diabo é mais forte do que nós. Poderíamos lutar contra ele por um ano, mas ao final ele ainda seria mais forte. A tentativa jamais irá quebrar o poder do pecado, porque enfrentamos um inimigo que sempre será mais forte do que nós. Qual, então, é a resposta à nossa fraqueza e derrota? Essa questão nos leva a um dos mais doces e sublimes segredos da Palavra de Deus. Vamos estudá-la cuidadosamente e com muita oração.

Em primeiro lugar, é preciso entender que todos os dons celestiais estão disponíveis a nós através das promessas da Bíblia e podemos recebê-los pela fé. Pedro descreve como "grandíssimas e preciosas promessas," e nos garante que por elas seremos "participantes da natureza divina" (2 Pedro 1:4). Um grande poder acompanha essa promessa para que seja cumprida na vida de todo aquele que a reclamar com fé. Poucos estão dispostos a crer que as bênçãos prometidas tornam-se suas no momento em que creem nelas. Por que é tão difícil crer implicitamente que Deus cumprirá suas promessas?

Vamos diretamente ao centro da questão da vitória e considerar quatro passos bíblicos que qualquer um pode dar e clamar o poder de Deus. Quatro textos que iluminarão todo o processo. Primeiro: "Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Coríntios 1 : ). Deixe sua mente se aprofundar na fantástica mensagem dessas palavras. A Vitória é um dom! Não a merecemos por nossos esforços ou por qualquer traço de bondade que haja em nós. Precisamos apenas pedir e a vitória nos será concedida gratuitamente por Cristo. Ele é o Único que obteve a vitória contra Satanás e se nos apossarmos dessa vitória, ela virá como um dom de Deus para nós.

Deixe-me perguntar mais uma coisa. Você precisa alcançar a vitória em sua vida sobre algum hábito pecaminoso miserável e persistente? Alguns são escravos do apetite, do álcool ou do fumo. Outros lutam sem esperança contra a impureza, a ira ou a mundanidade. A Bíblia diz que todos podem alcançar a vitória como um dom através de Jesus. Você crê que poderá obter esse poder se pedir ao Senhor? Tem certeza de que Deus responderá imediatamente sua oração pedindo vitória? Sim, pode estar certo – as palavras de Cristo são verdadeiras! O segundo texto é Mateus :11: "Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que Lhe pedirem?"

É bom clamar pela vitória sobre o fumo ou sobre qualquer outro pecado carnal ou moral? Claro que sim! Não é preciso nem perguntar se é a vontade de Deus! Ele já nos falou na Bíblia que é Seu desejo destruir as obras do pecado e do mal. Se oramos por mais dinheiro ou um trabalho melhor, devemos sempre pedir de acordo com Sua vontade, mas a vitória sobre o pecado é prometida a cada um que pede com fé.

Deus concederá a vitória quando pedirmos? Jesus disse que está mais desejoso de nos dar esse dom do que um pai para alimentar seus filhos quando estão com fome. Ele está aguardando para honrar nossa fé e para "segundo a Sua riqueza em glória, ... suprir, em Cristo Jesus, cada uma de [nossas] necessidades" (Filipenses 4:1 ). Essas promessas são tão ilimitadas que nossa mente não pode compreender. Por que temos sido tão relutantes em pedir nossas provisões de graça? Por que é tão difícil acreditar que Deus quis dizer exatamente o que está escrito? Ele cumprirá todas as Suas promessas.

A FÉ QUE OPERA

Eis a próxima pergunta: Como podemos saber que obtivemos a vitória depois que a pedimos? Simplesmente porque Ele disse que nos daria. Sabemos que Deus não mente. Podemos crer em Suas promessas. No mesmo momento em que pedimos, devemos aceitar o fato do seu cumprimento, agradecer pelo dom, levantar e agir como se fosse real, porque é. Nenhum tipo de prova, sentimento ou sinal deve ser pedido ou esperado. O poder de autocumprimento de cada promessa resulta unicamente de nossa fé.

Chegamos ao terceiro texto – Romanos :11: "Assim também vós consideraivos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus." A palavra "consideraivos" significa crer ou reconhecer como realizado. Cada partícula de fé deve ser focada nesse único pedido por vitória e então deve ser considerado como realizado. Você se lembra como Pedro andou sobre a água? Ele perguntou a Jesus se poderia sair do barco e andar no mar e Jesus disse a Pedro que andasse. Mas por quanto tempo Pedro fez o impossível e andou sobre as águas? A Bíblia diz que quando reparou, "porém, na força do vento, teve medo; e, começando a submergir, gritou: Salva-me, Senhor!" (Mateus 14:30).

Do que Pedro teve medo? Teve medo de afundar e se afogar. Apesar da segurança de Cristo de que Ele podia tranquilamente andar sobre as águas, Pedro começou a duvidar da palavra do Mestre. Foi quando começou a afundar. Enquanto acreditou na promessa de Jesus e agiu com fé, ele estava salvo. Quando duvidou, afundou.

A esse ponto, o que seria mais difícil? Andar sobre a água ou vencer o hábito do fumo? Cristo diz: "Vinde a Mim. Eu lhes concederei a vitória." Enquanto crerem que estão libertos, terão a vitória. É simples assim. No mesmo momento que pedir vitória ela será colocada em sua vida como depositário de poder. Poderá até não sentir, mas estará ali. Permanecerá ali enquanto aceitá-lo com fé.

Para algumas pessoas o livramento é tão maravilhoso que chegam a perder o apetite pelo pecado, mas essa não é a maneira mais comum de Deus agir. Em geral, o desejo permanece, mas no momento da tentação, o poder de afastar-se dela vem do interior, de um coração cheio de fé. A fé aceita o fato da libertação e constantemente clama pela vitória que é seguramente possuída por aquele que crê.

O passo final para a vitória é descrito no quarto texto, em Romanos 13:14: "mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências." Tão forte é a confiança no poder de Deus que nem se pensa mais em cair naquele pecado novamente. De acordo com o antigo plano da "tentativa", eram tomadas algumas precauções caso o plano não funcionasse. Alguns cigarros eram deixados na prateleira e o fumante dizia a si mesmo: "Vou tentar não fumar nunca mais, mas se não conseguir, sei onde estão os cigarros." Porém, seguindo o plano da "confiança", não há motivo para temer o fracasso segundo os padrões da fraqueza humana. A vitória não depende de nossas forças, mas do poder de Deus. Podemos falhar, mas Ele não falha. Os cigarros são jogados fora. Todos os planos que envolvem qualquer grau de comprometimento são abandonados.

O pequeno Artur estava com problemas porque tinha ido nadar contra as ordens de sua mãe. Quando lhe perguntaram por que tinha desobedecido, Artur respondeu: "Porque fui tentado." A mãe então falou: "Eu vi que você levou sua roupa de banho quando saiu hoje de manhã. Por que fez isso?" Artur respondeu: "Porque achei que seria tentado." Esse comportamento é bem típico daqueles que não confiam no poder de Deus para alcançar a vitória. Eles se preparam para falhar. Levam consigo sua roupa de banho. Com Deus não é preciso preparar nada para o fracasso.

Talvez alguém levante a objeção de que tudo isso seja desanimador. Imagine que alguém falhe. Mesmo Pedro começou a afundar. Nossa confiança em Deus não seria abalada se a vitória não fosse mantida? Não. O fato de Pedro ter afundado não tem nada a ver com uma falha do poder divino.

Não mudou a vontade de Deus de que ele andasse sobre as águas. Apenas apontou a necessidade de Pedro de ter uma fé mais forte que o capacitasse a obedecer segundo o poder de Deus. Mas isso não diminui o maravilhoso plano de Deus para nos dar poder e dar a vitória pelas "grandíssimas e preciosas promessas" da Bíblia. Sem fé daquele que deseja receber, nem mesmo as promessas de Deus podem ajudá-lo. Os limites são claramente definidos nas palavras de Jesus. "Seja-vos feito segundo a vossa fé" (Mateus :2 ).

Esse é o caminho, caro amigo, em toda a sua simplicidade. E funciona! Se deseja ser libertado, funciona. Nada ajudará aquele que não quer largar o cigarro. Mas se quiser, tudo está ao seu alcance. Vitória, poder e libertação – apenas busque pela fé e tudo será seu. Creia e clame a Deus neste mesmo momento. Deus quer libertar você!

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